Elaboração de Projetos

O aluno e o trabalho por projetos

O trabalho por projeto permite que o aluno aprenda-fazendo e reconheça a sua autoria naquilo que produz por meio do estudo sobre questões de investigação que lhe impulsionam a contextualizar conceitos já conhecidos e a descobrir outros conceitos que emergem no desenvolvimento do projeto. No projeto, o aluno explora, aplica, busca, interpreta informações e tem a oportunidade de recontextualizar aquilo que aprendeu, estabelecer relações significativas entre os conhecimentos, ampliando o seu universo de aprendizagem. 

O aluno desenvolve competências para buscar e selecionar informações , tomar decisões ,  trabalhar em grupo, gerenciar confrontos de ideias, solucionar problemas, desenvolver competências interpessoais para aprender de forma colaborativa com seus pares. 

O trabalho em grupo favorece ao aluno compartilhar suas descobertas, reflexões e questionamentos com seus pares, a criação de vínculos, de companheirismo e de parceria,  fortalecendo com isso uma nova maneira de aprender coletiva e colaborativamente.

O conceito da zona proximal de desenvolvimento (ZPD) da teoria de Vygotsky pode orientar a mediação do professor no processo de aprendizagem do aluno, considerando inclusive a sua historicidade. O contexto da escola, por ser essencialmente social, indica que a mediação é desempenhada tanto pelo professor, que tem a intencionalidade pedagógica, como por outros profissionais da escola, pela própria instituição, pelos colegas. Assim, todos podem aprender e ensinar uns com os outros. A mediação do professor é importante também para que os conteúdos envolvidos no projeto sejam compreendidos e sistematizados para que o aluno possa formalizar os conhecimentos colocados em ação. Desse modo, por meio da mediação, o professor pode compreender os conhecimentos que os alunos trazem do cotidiano, ajudá-los a inter-relacionar com outros conhecimentos mobilizados no projeto e chegar a construção de conhecimentos científicos, que se constitui finalidade da escola na perspectiva da formação integral do aluno. A mediação traduz na prática pedagógica do professor, a intencionalidade e o comprometimento com a qualidade de aprendizagem do aluno, favorecendo-lhe que além da experimentação, da descoberta, a sua ação seja refletida, compreendida formalizada para que atinja outros níveis de desenvolvimento e de estruturas cognitivas majorantes. 

Para saber mais, leia o texto Articulações entre áreas de conhecimento e tecnologia. Articulando saberes e transformando a prática,  da Professora Maria Elisabette Brisola Brito Prado.

Interdisciplinaridade

O trabalho por projeto caracteriza-se por uma situação de aprendizagem abrangente, que potencializa a interdisciplinaridade e a transversalidade. Para o aluno pesquisar e estudar sobre um tema, uma problemática ou questão de investigação ele precisa estabelecer relações significativas entre conhecimentos de áreas distintas. A Interdisciplinaridade é a integração de dois ou mais componentes curriculares na construção do conhecimento de forma global, ou seja, rompendo com os limites das disciplinas. Para isto é necessário desenvolver uma postura interdisciplinar diante do conhecimento, que envolve mudança de atitude, de inclusão; superando a dicotomia entre ensino e pesquisa, a prática e a teoria (FAZENDA, 1998). A transversalidade pode potencializar situações que valorizam as  relações humanas e sociais mais urgentes. Trabalhar transversalmente é permitir que o aluno aprenda conteúdos disciplinares na resolução de problemas de forma contextualizada e entendendo a problemática social e as possibilidades de soluções para os problemas sociais. 

Para saber mais, leia o texto: Interdisciplinaridade: Refletindo Sobre Algumas Questões, da Professora Maria Elisabette B B Prado.


O trabalho com projeto permite romper com as fronteiras disciplinares, favorecendo o estabelecimento de elos entre as diferentes áreas do conhecimento numa situação contextualizada de aprendizagem. No entanto, muitas vezes é atribuído valor para as práticas interdisciplinares, de tal maneira que passa a negar qualquer atividade disciplinar, o que constitui uma visão equivocada. Fazenda (1994) enfatiza que a ação interdisciplinar fortalece as disciplinas sem que haja perda da identidade das mesmas. Trabalhar com projetos significa explicitar uma intencionalidade em um plano flexível e aberto ao imprevisível. O plano é a espinha dorsal das ações que se complementam no andamento das investigações e descobertas que não se fecham a uma única área do conhecimento e tornam permeáveis suas fronteiras
(...)o projeto rompe com as fronteiras disciplinares, tornando-as permeáveis na ação de articular diferentes áreas de conhecimento, mobilizadas na investigação de problemáticas e situações da realidade. Isso não significa abandonar as disciplinas, mas integrá-las no desenvolvimento das investigações, aprofundando-se verticalmente em sua própria identidade,ao mesmo tempo, que estabelecem articulações horizontais numa relação de reciprocidade entre elas, a qual tem como pano de fundo a unicidade do conhecimento em construção”. ( ALMEIDA , 2001, pp.58)
Para saber mais, leia o texto: Ensinar e aprender com o computador: a articulação inter-trans-disciplinar, da Professora Maria Elizabeth B de Almeida. 

Um projeto pode partir de uma questão relacionada com uma única área de conhecimento e, em seu desenvolvimento, ir se abrindo e articulando conceitos de outras áreas. Quando isto ocorre, fica evidenciado que o conteúdo disciplinar é importante de ser trabalhado numa perspectiva que não se feche em si mesmo, mas que no processo de busca para compreender um determinado fato ou fenômeno seja ampliado o escopo de relações entre as diferentes áreas de conhecimento e o significado dos conceitos incorporados no desenvolvimento do projeto.Por outro lado, pode o ocorrer o inverso, ou seja, iniciar o projeto com uma questão mais abrangente e pouco a pouco ir afunilando em determinado conceito de uma área específica para compreender determinadas particularidades do fato ou fenômeno em estudo. O trabalho por projeto, não tem um modelo a ser seguido. Tem princípios que podem nortear a prática pedagógica. O importante é considerar que o projeto deve estar comprometido com ações, mas que seja aberto e flexível ao novo. A todo o momento o aluno e o professor podem rever a descrição inicial do projeto, prevista para poder levar adiante sua execução e reformulá-la conforme as necessidades do contexto e os interesses dos participantes envolvidos. 

Leia o texto Projeto: uma nova cultura de aprendizagem, da Professora Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida.

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